TROPA DA LACOSTE
Nas quebradas de São Paulo, a Lacoste reina como a grife mais desejada e usada. Apesar de ser um artigo de valor elevado e de circulação restrita, sua inacessibilidade não só não impede a moda como a impulsiona — criando uma cena de ostentação, preciosidades e uma verdadeira economia simbólica em torno da marca. Mais do que vestir, a Lacoste movimenta uma cultura intensa de colecionismo, onde peças raras — as famosas "relíquias" — viram objetos de luxo e até mesmo moeda de troca. A marca se entrelaça com o funk, representada por artistas como Kaxeta e Kelvinho, e dita tendências como fotos com o "L" ou a técnica de "roupa sobre roupa" — códigos que identificam quem é verdadeiramente lacosteiro(a).
O editorial, feito em 2020, surgiu da urgência de documentar esse fenômeno estético marginalizado, idealizado por Samir Bertoli e Misael Prado, capaz de ressignificar completamente o conceito de moda. É a subversão em ação: uma marca que não foi feita para a periferia, mas que foi apropriada e reinventada por ela, gerando um estilo único e autêntico. Com essa produção, trazemos à tona toda a potência cultural por trás dessa cena, celebrando a capacidade criativa e transformadora que só o Brasil é capaz de produzir.